O artista, designer e arquiteto nigeriano Demas Nwoko foi reconhecido com o Leão de Ouro pelo conjunto de sua obra na 18ª Bienal de Arquitetura de Veneza, intitulada O Laboratório do Futuro. A decisão foi tomada com base na recomendação da curadora da exposição, Lesley Lokko, e aprovada pelo Conselho de Administração da La Biennale, presidido por Roberto Cicutto. A cerimônia de premiação ocorrerá na abertura do evento, em 20 de maio de 2023, na Ca'Giustinian, sede da La Biennale di Venezia.
Demas Nwoko é um artista, designer e mestre construtor nigeriano na vanguarda do movimento de arte moderna da Nigéria. Através de suas obras, busca incorporar e articular temas africanos e técnicas modernas em arquitetura e design de palco. Seus trabalhos abrangem várias mídias e disciplinas, incluindo arquitetura, escultura, design, literatura, crítica, design de cenários e história.
Filho de Obi (Rei) Nwoko II, o príncipe Demas Nwoko nasceu em 1935 em Idumuje Ugboko, Nigéria. Lá encontrou inspiração nas residências recém-construídas na cidade e no palácio real, projetado por seu avô. Ele estudou no Nigerian College of Arts, Science and Technology em Zaria entre 1957 e 1961, onde se tornou membro fundador da Sociedade de Arte de Zaria. O grupo, também conhecido como "Rebeldes de Zaria", promoveu a ideia de síntese natural, um conceito desenvolvido pelo artista Uche Okeke. O conceito visava preencher a lacuna entre a formação ocidentalizada dos artistas e sua herança africana, focando em temas e narrativas tradicionais. Os Rebeldes de Zaria contribuíram para o movimento da vanguarda modernista pós-colonial na Nigéria no início dos anos 60.
Posteriormente, Nwoko fundou o New Culture Studios em Ibadan, um centro de treinamento de artes cênicas e design. O impacto de seu trabalho reside em seu desejo de sintetizar influências ocidentais com práticas autênticas e tradicionais africanas. Sua arquitetura demonstra esses interesses. Seus edifícios, embora pouco numerosos, demonstram uma abordagem sustentável e consciente dos recursos, ao mesmo tempo em que incorporam formas autênticas de expressão cultural.
Leia o comentário da curadora Lesley Lokko:
Um dos temas centrais da 18ª Exposição Internacional de Arquitetura é uma abordagem à arquitetura como um campo "expandido" de iniciativas, abrangendo tanto o mundo material quanto o imaterial; um espaço em que as ideias são tão importantes quanto os artefatos, especialmente quando estão a serviço do que está por vir. Pela ênfase no futuro, portanto, parece absolutamente apropriado que o Leão de Ouro pelo conjunto da obra seja concedido a alguém cuja obra material se estenda pelos últimos 70 anos, mas cujo legado imaterial — abordagem, ideias, ethos — ainda esteja em processo de ser avaliado, compreendido e celebrado.
Baba (título honorário nigeriano) Demas Nwoko é tudo ao mesmo tempo: arquiteto, escultor, designer, escritor, cenógrafo, crítico e historiador. Quando pressionado, refere-se a si mesmo como "artista-designer", o que demonstra tanto a natureza múltipla de seus talentos e obras quanto a interpretação bastante restrita da palavra "arquiteto" que, sem dúvida, manteve seu nome fora dos anais da história.
Filho de um Obi tradicional (governante), nasceu em 1935 em Idumuje-Ugboko, sul da Nigéria. Seus primeiros experimentos com pintura, desenho e escultura na escola secundária em Benin City o levaram a se candidatar a uma vaga para estudar arquitetura no Nigerian College of Arts, Science and Technology em Zaria. No entanto, sua descoberta de que o curso enfatizava mais as habilidades técnicas de desenho do que a imaginação criativa o levou a mudar de direção, optando por estudar belas-artes. Foi um membro fundador da Zaria Art Society — um grupo que incluía Yusuf Grillo, Bruce Onobrakpeya, Uche Okeke e Simon Okeke, também conhecidos como os "Zaria Rebels". O grupo estava interessado na mistura de modernidade e estética africana como uma linguagem autêntica para refletir o espírito de independência política que crescia nas décadas de 1940 e 1950.
Essa profunda vontade de mesclar e sintetizar, em vez de varrer para longe, tem caracterizado o trabalho de Nwoko por mais de cinco décadas. Ele foi um dos primeiros designers nigerianos a criticar a dependência da Nigéria do Ocidente em relação a materiais e bens importados, assim como ideias, e permanece comprometido com o uso de recursos locais.
Embora relativamente pouco numerosos, os edifícios de Nwoko na Nigéria cumprem dois papéis críticos. Eles são precursores das formas de expressão culturalmente autênticas, sustentáveis e conscientes dos recursos que agora surgem pelo continente africano — e pelo globo — e eles apontam para o futuro, uma conquista significativa para alguém cujo trabalho ainda é amplamente desconhecido, até mesmo em seu país de origem. Em 1977, ao escrever sobre a primeira comissão de Nwoko para construir o complexo do Instituto Dominicano em Ibadan, o crítico de arquitetura Noel Moffett disse: "Aqui, sob o sol tropical, a arquitetura e a escultura se combinam de uma forma que apenas Gaudí talvez, entre os arquitetos, tenha feito tão convincentemente".
É com imenso orgulho e prazer que concedo o Leão de Ouro pelo conjunto da obra a Demas Nwoko, um arquiteto tanto do século XX quanto do XXI, e incentivo todos os visitantes da 18ª Exposição Internacional de Arquitetura a visitar a pequena, mas perfeitamente pensada e articulada exposição de seu trabalho no Pavilhão Stirling nos Giardini, ao lado do Pavilhão de Livros do Laboratório do Futuro.
